Especialista diz que o grande desafio da educação para o trânsito é o cidadão querer ser educado
A educação no trânsito é um dos pilares de sustentação para que tenhamos um trânsito seguro. No entanto, há grandes desafios para colocá-la em prática.
A educação no trânsito é um dos pilares de sustentação para que tenhamos um trânsito seguro. Isso é incontestável. No entanto, de acordo com Márcia Pontes, especialista referência no Brasil em inovação pedagógica para o ensino da direção veicular há um grande desafio nesse processo. A barreira, segundo ela, é o cidadão querer receber a educação para o trânsito.
Para ela, isso vale tanto para todos os cidadãos como para aqueles que são gestores das cidades. “A educação que tantas vezes se diz que falta aos motoristas que não dão seta, não dão a vez quando solicitados, os que furam o sinal do semáforo, que fazem sinal de dedo e tantos outros exemplos tem tudo a ver com o modo como as pessoas agem em outros aspectos da vida. Mas, também com o fato de quererem receber educação ou não”, afirma.
A especialista cita um exemplo claro de um personagem de um vídeo famoso que se transforma quando entra no carro. O personagem se torna agressivo, egoísta e impaciente.
“Na verdade, o personagem que habita dentro de cada motorista não se transforma em função do carro ou do ato de dirigir. Ele apenas revela em sociedade o lado que fica oculto do público e que só a família e os mais chegados conhecem”, analisa.
Desafio da Educação
De acordo com Márcia Pontes, quando se pergunta a qualquer usuário da via o que mais irrita no trânsito, em primeiro lugar é a falta de educação. No entanto, para a especialista, muitos que apontam isso, também apresentam comportamentos -em alguns momentos- compatíveis com a falta de educação.
“Vários dizem que a solução para isso seria a educação para o trânsito iniciando já na escolinha até a universidade como a única saída para formar cidadãos mais educados para o trânsito. Mas, e os cidadãos, até lá, continuarão fazendo miséria nas vias?”, questiona a especialista.
Márcia cita exemplos de pessoas que cometem irregularidades no trânsito. Estas, ao se justificarem explicam que fazem pois não são flagradas, ou seja, não há agentes olhando. Diante disso, ela constata que a maior dificuldade da educação para o trânsito é as pessoas quererem recebê-la. “A maior dificuldade é quando os gestores de trânsito deixam de fazer o que deve ser feito para tentar educar as pessoas para o trânsito alegando que elas não querem receber essa educação!”, diz.
A especialista cita ainda que parece que a importância e a visibilidade ao compromisso que dizem que têm só aparece ao se iluminarem os holofotes de Maio Amarelo e Semana Nacional de Trânsito. “Educação vem de berço para a vida. Ser educado é uma tarefa constante tanto no plano pessoal quanto no coletivo”, conclui.
Os assuntos abordados são muito interessantes.
A ausência de educação do condutor ao dirigir no trânsito está agregada a “sensação total de impunidade”. Ele sabe que sempre conseguirá se sair dos atos irresponsáveis que ele comete ao dirigir. Mais rigor nas leis e mais fiscalização, poderiam reduzir esses atos mau educados desses condutores.