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11 de dezembro de 2024

Grávidas no comando: De que maneira a gestação interfere na direção


Por Mariana Czerwonka Publicado 11/07/2016 às 03h00 Atualizado 08/11/2022 às 22h36
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Grávida ao volanteEspecialista argumenta que estar grávida não significa privar-se de dirigir, mas, atentar-se aos sinais do organismo. Foto shutterstock

Até quando posso dirigir? Essa é uma dúvida constante de muitas gestantes preocupadas em manter o bebê seguro antes mesmo de tê-lo nos braços. Embora a questão não esteja regulamentada pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), existem alguns cuidados indispensáveis para garantir a segurança da mãe e do bebê. A Perkons ouviu especialistas no assunto para compreender quais as recomendações para este momento da vida das mulheres.

Pesquisa do Canadian Medical Association Journal revelou que grávidas têm 42% mais chance de envolvimento em acidentes graves de trânsito, risco intensificado após o quarto mês de gestação. O grupo de cientistas responsável pelo estudo associa o número ao estado de distração, somado às náuseas, ao cansaço e à ansiedade, fenômenos característicos da gravidez.

Embora típicas do período, as sensações não são consenso entre as mulheres. Em virtude dessa variação, o coordenador do Núcleo de Ginecologia do Hospital Samaritano de São Paulo, Dr. Edilson Ogeda, acredita que a escolha entre dirigir ou não cabe à própria gestante, razão pela qual a ausência de regulamentação que determine a questão não é, para ele, um agravante. “A grávida pode dirigir durante toda a gestação, desde que se sinta segura e confortável para fazê-lo. A partir do momento que isso se torna um problema, ela deve parar. Ficar refém do auxílio de outras pessoas ou mesmo do transporte coletivo, que na sua grande maioria das vezes não privilegia a grávida, pode ser pior”, esclarece.

Por outro lado, enjoos e náuseas, comuns no início da gestação, devem ser motivo suficiente para que a grávida opte por se recuperar antes de pegar no volante. “O ideal é dirigir apenas quando se está em boas condições físicas e emocionais. Essa é a chave para direção segura”, completa. Outra situação possível é que o trabalho de parto inicie enquanto a grávida dirige. “Neste caso, ela deve procurar ajuda, pedir para alguém assumir a direção e levá-la ao hospital, ou, em última hipótese, estacionar o carro em um local seguro e ir de táxi à maternidade”, orienta.

Na 26ª semana de gravidez, a arquiteta Luciana de Castro se encaixa no grupo sem contraindicações e que deseja continuar a dirigir, se possível, até o fim da gravidez. “Assim como na primeira gestação, não sinto enjoos e náuseas, e por isso é bem possível que eu pare de dirigir faltando apenas alguns dias para o nascimento, quando o incômodo é maior”, conta. Ainda assim, ela relata adotar uma postura mais cuidadosa do que a normal. “Mesmo que não tenha sentido nenhuma diferença para dirigir, tenho pegado o carro com mais cautela e atenção, porque além de estar grávida tenho um filho de dois anos sempre comigo”, explica.

Independente do perfil da gestante, há cuidados essenciais a todas elas. A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) reuniu em uma cartilha orientações para o transporte de crianças e gestantes. O cinto de três pontos é o ideal para a grávida, que deve ajustá-lo de maneira confortável e deixar uma distância mínima de 15 centímetros entre o volante e a barriga. Evitar jejum, calor ou frio excessivos, e longas distâncias são outras recomendações importantes, assim como cuidar das medicações ingeridas.

Até que ponto as emoções alteram a direção?

Além do enjoo, náusea e distração, a intensidade de emoções também traz desdobramentos à condução de veículos. Esta fragilidade, contudo, não é exclusividade das gestantes. Estudo inédito realizado pelo Instituto de Transportes da Virginia Tech apontou que dirigir em estado emocional alterado aumenta em quase dez vezes os riscos de colisões. Para se ter ideia, este número dobra ao associar o celular à direção. Dentre as emoções listadas pelos pesquisadores como as de mais risco estão a raiva, a agitação e a tristeza.

“As causas de acidentes de trânsito podem ser remotas ou imediatas. As primeiras envolvem o caráter e a formação do condutor, além da manutenção do veículo. No segundo caso, estão a via, a sinalização e a ansiedade aguda, sobretudo no que se refere à paciência”, classifica o médico, mestre e doutor em anatomia, com atuação na área de atendimento pré-hospitalar e cursos de socorrismo, Dr. Wilson Pacheco.

A partir desta análise, Pacheco destaca que a ansiedade pode estar, inclusive, relacionada a momentos alegres da vida. “É comum estar ansioso nas horas que antecedem uma grande viagem, um encontro amoroso ou o início de um trabalho. Nestes casos, é comum escutarmos: ‘Não vi mais nada na minha frente’”, exemplifica. Uma gestação certamente está incluída nessa lista de situações. “Qualquer estado no qual o indivíduo esteja desconcentrado, ou com reflexo e raciocínio lógico comprometidos, não deve ser associado à direção”, finaliza.

Com informações da Assessoria de Imprensa

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