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Dia do Ciclista: em meio a desafios, há motivos para comemorar


Por Pauline Machado Publicado 19/08/2020 às 11h20 Atualizado 08/11/2022 às 21h44
 Tempo de leitura estimado: 00:00

O Dia do Ciclista é comemorado no dia 19 de agosto. Veja reportagem especial sobre o assunto.

Escolhida para homenagear o ciclista Pedro Davison, que faleceu em 9 de agosto de 2006 ao ser atropelado por um motorista bêbado enquanto pedalava no Eixão Sul em Brasília – o dia do ciclista marca, sobretudo, a luta contra a violência no trânsito.

Foto Zé LoboZé Lobo, diretor presidente da Ong Transporte Ativo e membro do Conselho da WCA World Cycling Alliance. Foto: Arquivo Pessoal.

De lá para cá, as infraestruturas para bicicletas cresceram nas cidades brasileiras, principalmente nas capitais. Só no período entre 2014 e 2018, o crescimento foi de 133% nas capitais, atraindo muitos novos ciclistas e promovendo a segurança dos que estavam circulando nestas vias, ressalta Zé Lobo, diretor presidente da Ong Transporte Ativo, e membro do Conselho da WCA World Cycling Alliance.

“Avançamos muito, mas estamos ainda bem longe de um ambiente acolhedor e seguro para os ciclistas. Hoje, técnicos e administradores públicos já começam a compreender as possibilidades que as bicicletas apresentam de melhorias em diversos setores, mas ainda esbarram nas dificuldades de se implementar soluções que certamente acrescentariam muita segurança para os ciclistas, além de diversos benefícios para as cidades como um todo e melhorias na qualidade de vida de seus cidadãos”, considera.

Desafios para o ciclista urbano

Segundo a Pesquisa Perfil do Ciclista, realizada em 2018 em 25 cidades brasileiras, os maiores desafios para os ciclistas brasileiros são: falta de infraestrutura dedicada e segurança no trânsito, como mostram os gráficos abaixo:

GráficoFonte: Transporte Ativo – LabMob UFRJ – Observatório das Metrópoles
Gráfico 2Fonte: Transporte Ativo – LabMob UFRJ – Observatório das Metrópoles

“Somados, estes dois problemas principais representam 78,7% dos maiores desafios encontrados pelos ciclistas no dia a dia, e 77,9% das motivações para se pedalar mais. Vencendo estes desafios, as cidades brasileiras certamente contariam com muito mais usuários de bicicletas como meio de transporte”, enfatiza Lobo.

Razões para comemorar

Ainda que os ciclistas tenham que conviver com o desrespeito dos motoristas, a falta de infraestrutura dedicada aos ciclistas e a falta de preparo das autoridades de trânsito para lidar com o tema, Zé Lobo afirma que neste Dia do Ciclista, há sim, o que comemorar.

“Temos que comemorar todos os avanços que tivemos desde a implantação desta data. Muita coisa mudou quanto à visão sobre as bicicletas e suas contribuições para a mobilidade urbana, tanto por parte da população, quanto por parte de técnicos e governantes, embora as ruas e avenidas de nossas cidades sigam inóspitas para nós. Ainda falta um longo caminho a ser percorrido até que tenhamos cidades verdadeiramente amigas das bicicletas, onde se possa pedalar tranquilamente por suas vias, independente de idade ou destreza”, almeja o especialista.

Mobilidade urbana

De acordo com Zé Lobo, os benefícios do uso da bicicleta como meio de transporte no ambiente urbano são muitos e vão além da mobilidade urbana. Abrange qualidade de vida, saúde da população, redução da poluição, otimização do uso do espaço púbico, dinamismo e diversificação econômica, além de uma maior oferta de alternativas de transporte. “Se todas as viagens de até 6 km das cidades fossem percorridas em bicicletas, os ganhos na redução de emissões degGases de efeito estufa, economia no SUS e ganho no PIB, seriam substanciais, conforme publicado no estudo Impacto Social da Bicicleta – SEPBRAP. As cidades que investem em infraestrutura e facilidades para ciclistas e pedestres, percebem rapidamente estes benefícios”, garante.

Tomás MartinsTomás Martins, CEO da Tembici. Foto: Mariana Pekin.

Tomás Martins, CEO da Tembici, especializada em micromobilidade, operadora do Bike Itaú – bicicletas compartilhadas patrocinadas pelo Itaú Unibanco, reforça que, no Brasil, o tema ainda passa por muitos desafios, tanto na questão de educação no trânsito, quanto infraestrutura e políticas públicas que apoiem o uso da bicicleta. “No entanto, é possível observar que as discussões e o olhar para o tema, principalmente envolvendo a bicicleta como um modal de extrema importância nesse contexto, aumentou muito nos últimos anos, em especial nesse momento de pandemia”, considera.

Perspectivas e tendências para o uso da bicicleta como meio de transporte

Com todas as medidas de prevenção contra o novo coronavírus, somadas às discussões que já aconteciam sobre esse assunto, a expectativa é, segundo Martins, que cada vez mais a bicicleta seja considerada como um transporte rápido e seguro para que as pessoas possam se locomover no dia a dia.

Ele destaca que, em junho último, a Tembici recebeu um aporte de 47 milhões de dólares, que será destinado à tecnologia e implantação dessas bikes elétricas. Isso aumentará a abrangência do uso da bicicleta nas cidades, possibilitando que ainda mais pessoas a utilizem. “A bicicleta elétrica, por exemplo, é uma grande tendência e nossa aposta para os próximos anos, uma vez que o modelo elétrico permite que as pessoas tenham ainda mais facilidade de locomoção, além de conseguirem pedalar por mais tempo. Enquanto na convencional a média de quilometragem de trajeto é 3km, na elétrica o usuário consegue entre 8 km e 10 km”, justifica.

Segundo a Associação Nacional de Transportes Públicos – ANTP, em 2017, 3% dos deslocamentos no país foram feitos em bicicletas, o equivalente a 1,6 bilhões de viagens que percorreram 8 bilhões de quilômetros. Apenas como modo principal, sem contar todas as viagens secundárias ou para integração com transporte público feitas em bicicletas, que não foram contabilizadas no estudo, explica Lobo.

“Ou seja, as bicicletas estão cada vez mais presentes em nossas cidades, é fato. Basta apenas uma melhor compreensão sobre o potencial delas por aqueles que decidem os caminhos e o futuro das cidades, para que o uso da bicicleta possa contribuir ainda mais para uma mobilidade urbana com mais qualidade e eficiência”, finaliza o diretor presidente da Ong Transporte Ativo e membro do Conselho da WCA World Cycling Alliance.

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