Evolução dos motores flex: uma história sobre tecnologia e mudanças ambientais
Desde o lançamento até hoje os motores flex evoluíram muito, sempre se adaptando a alterações no mercado, avanços tecnológicos e mudanças ambientais e climáticas.
Se você já não teve um carro com motor flex, pelo menos tem noção do que isso significa. Basicamente, essa é uma tecnologia que permite o uso de mais de um tipo de combustível no veículo. No Brasil, o mais comum é aquele que possui uma mistura variável entre gasolina e etanol.
No entanto, desde o lançamento até hoje esse tipo de motor evoluiu muito, sempre se adaptando a alterações no mercado, avanços tecnológicos e mudanças ambientais e climáticas.
Atualmente estamos falando muito de transição energética, descarbonização, combustível do futuro e tantos outros termos que farão muito parte de nossa vida daqui para a frente. Para auxiliar o cidadão a se preparar para entender o que tudo isso representa, o Portal do Trânsito faz um breve resumo sobre a evolução dos motores flex.
Início
A tecnologia flex começou a ser desenvolvida pela Bosch em 1994, porém, apenas no ano 2000 os primeiros carros flex começaram a ser comercializados. O Brasil foi pioneiro na tecnologia também conhecida como flex fuel com a introdução do Volkswagen Gol 1.6 Total Flex, em 2003. Este avanço foi natural para o nosso país, dada a longa história que temos com o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. O sistema inicialmente empregava sensores de oxigênio (sondas lambda) e software no sistema de gerenciamento do motor para ajustar a mistura de combustível e o timing da ignição, dependendo da proporção de etanol à gasolina.
Aprimoramentos iniciais
Os primeiros motores flex foram seguidos por melhorias significativas em eficiência, emissões e desempenho. Os fabricantes começaram a integrar sistemas mais avançados de injeção de combustível e ignição, permitindo ajustes mais precisos para diferentes misturas de combustível. Isso melhorou tanto a economia de combustível quanto a potência.
Adoção global e inovações técnicas (meados dos anos 2000 em diante)
Enquanto a tecnologia flex continuava a se desenvolver e receber aprimoramentos no Brasil, outros países começaram a adotá-la, adaptando-a às suas próprias necessidades e tipos de combustível. Nos Estados Unidos, por exemplo, os veículos flex fuel são comumente projetados para usar E85 (uma mistura de até 85% de etanol e 15% de gasolina).
Tecnologias de controle eletrônico avançado
Com a evolução da tecnologia embarcada nos veículos, os sistemas de controle de motores flex se tornaram mais sofisticados. Dessa forma, permitindo ajustes em tempo real e otimizações para desempenho, eficiência e redução de emissões. Isso inclui avanços na detecção do tipo de combustível, ajustes de taxa de compressão variável e sistemas de gerenciamento térmico.
Sustentabilidade e veículos híbridos flex
À medida que a preocupação com as mudanças climáticas aumentou, a tecnologia flex evoluiu para se integrar com sistemas híbridos, oferecendo ainda maior eficiência energética e redução de emissões. Os veículos híbridos flex combinam motores de combustão interna flex fuel com motores elétricos, aproveitando as vantagens dos dois sistemas.
Desafios e futuras direções
Apesar dos avanços, a indústria automobilística enfrenta desafios. Como, por exemplo, a transição para veículos totalmente elétricos (EVs) e a necessidade contínua de reduzir emissões de gases de efeito estufa. No entanto, a tecnologia flex continua a evoluir, com pesquisas focadas em melhorar a eficiência dos combustíveis renováveis e em sistemas de propulsão alternativos que podem utilizar fontes de energia sustentáveis. Muitos especialistas apontam até que o etanol pode auxiliar no movimento de descarbonização mundial. Conforme Alexandre Zebulun Ades, Head Trader da Raízen, em declaração para a revista Opiniões, o etanol pode ser a fonte energética do futuro.
“O etanol descarboniza e impulsiona o mundo para a adoção de opções mais sustentáveis, com pegada de carbono cada vez menor”, explica.
Ades diz ainda que o Brasil tem um grande potencial para se consolidar como referência na sustentação global do etanol como alternativa limpa. Dessa forma, exportando experiência produtos e tecnologias desenvolvidas para o resto do mundo. “Assim, incentivando os demais países a descarbonizar suas matrizes energéticas e atingir seus mandatos e compromissos de redução de emissões”, conclui.