Problemas de visão aumentam acidentes no trânsito
O Brasil é o quarto país em mortes no trânsito com um total de 42 mil ao ano de acordo com recente divulgação da ONU (Organização das Nações Unidas). Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas se as pessoas cuidassem mais de sua visão.
Segundo o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, perito em medicina do trânsito e membro da ABRAMET (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego), a determinação do CONTRAN (Conselho Nacional do Transito) é de que o motorista tenha 50% de acuidade e 140 graus de campo visual para passar no exame da CNH (Carteira Nacional de Habilitação). “Este padrão indica que o exame oftalmológico deveria ser feito a cada 2 anos, no máximo, para manter a segurança no trânsito. Isso porque motoristas no limítrofe da exigência do CONTRAN que dirigem com óculos desatualizados têm o dobro de risco de sofrer acidentes”, afirma o oftalmologista.
“O problema, é que a maioria dos brasileiros só faz um check-up ocular quando vai renovar a CNH, a cada 5 anos para motoristas com até 65 e 3 anos para quem passou dos 65”, comenta.
Nestes períodos podem ocorrer grandes mudanças nos olhos, principalmente a partir dos 40 anos. Por exemplo, quem tem 140 graus de campo visual está em processo inicial de glaucoma e muitos portadores têm grande piora da doença por não seguirem o tratamento corretamente.
É o que mostra um estudo conduzido por Queiroz Neto durante 3 anos em que participaram 81 portadores de glaucoma. Desses participantes 57% desperdiçaram os colírios e por isso o tratamento se tornou descontínuo. Resultado: no período de 3 anos a perda de campo visual aumentou.
Visão no trânsito
O especialista explica que 85% de nossa integração com o meio ambiente se dá através da visão. Por isso, além da alteração no campo visual característica do glaucoma, quem usa óculos de grau pode ter ofuscamento, dificuldade de adaptação a diferentes níveis de iluminação, alteração na velocidade de leitura, visão de profundidade, cores e contraste.
“Óculos de grau atualizados melhoram a percepção de profundidade, mas não restauram por completo todas as funções visuais. Só para se ter uma ideia, pessoas com 50% de visão têm metade da rapidez de leitura e por isso devem estar atentas à velocidade que dirigem para evitar acidentes”, ressalta.
Lentes para reduzir a fotofobia
Queiroz Neto diz que os óculos escuros apreciados por muitos motoristas diminuem a acuidade visual e a percepção de contraste. Por isso, durante o dia as melhores lentes são as fotossensíveis que escurecem de acordo com a intensidade de luz, protegendo os olhos da radiação ultravioleta, importante causa da catarata e degeneração da retina. Só recomenda o uso de óculos escuros para quem tem boa visão funcional e para portadores de fotofobia (aversão à claridade).
O problema é comum em albinos ou pessoas de pele e olhos claros que não têm qualquer enfermidade ocular. A fotofobia também pode ocorrer em quem tem astigmatismo (deformidade da córnea que dificulta a visão de perto e longe), ceratocone, olho seco, alergia e doenças inflamatórias. “Por isso, quem tem aversão à claridade deve checar com o oftalmologista o motivo da sensibilidade”, adverte.
Mais segurança para míopes
Para míopes que têm maior dificuldade de adaptação ao crepúsculo o médico diz que a solução é utilizar lentes de grau na cor âmbar que melhoram a visão de contraste. “Já fiz teste no consultório com diversos pacientes colocando uma lente âmbar na frente dos óculos de grau e a visão de contraste melhora”, afirma.
Direção noturna
Para quem costuma dirigir à noite a recomendação são as lentes amarelas que reduzem o ofuscamento causado por faróis. Queiroz Neto ressalta que o ofuscamento e a dificuldade de enxergar à noite também podem sinalizar início de catarata.
A doença reduz em 4 vezes a visão noturna e é a maior causa de reprovação no exame de CNH para quem tem mais de pessoas 50 anos. Neste caso não adianta trocar de óculos. A única solução é a cirurgia em que o cristalino opaco é substituído por uma lente intraocular. “Estudos mostram que as novas tecnologias utilizadas na cirurgia reduzem o risco de acidentes de trânsito em 50%”, conclui.
Com informações da Assessoria de Imprensa