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04 de outubro de 2024

Sono e trânsito: veja o quanto isso pode afetar o dia a dia do motorista

Alterações no estado físico e mental do condutor afetam diretamente a capacidade de dirigir com segurança. E o sono é uma delas.


Por Mariana Czerwonka Publicado 02/07/2024 às 08h00
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O sono é responsável por boa parte dos sinistros de trânsito e ele não é apenas proveniente do cansaço, mas também pode estar ligado a distúrbios de saúde. Esse foi o tema da reportagem acima.

Alterações no estado físico e mental do condutor afetam diretamente a capacidade de dirigir com segurança. E o sono é uma delas. Sabemos que a sonolência é responsável por boa parte dos sinistros de trânsito, e o sono não é apenas proveniente do cansaço, mas também pode estar ligado a distúrbios de saúde. Esse foi o tema da reportagem em vídeo que você pode ver, na íntegra, acima.

O Portal do Trânsito esteve no lançamento do livro “O misterioso mundo do sono”, escrito por Vitor Bonk Rizzo, com ilustrações de Sarah Rodmann, pois esse é um tema que interessa muito aos motoristas, principalmente àqueles que passam muitas horas ao volante. Fomos tentar entender como esse problema pode afetar o dia a dia do profissional.

“O sono é muito importante não só para o raciocínio cognitivo, mas também para a saúde mental e física. A qualidade relacionada ao sono é muito importante para ter uma qualidade de vida no trânsito”, explica o autor.

Rizzo faz um alerta quanto aos riscos que a falta de sono pode causar. “Existe um perigo que se chama microssono, que ocorre quando a pessoa está tão cansada que ela acaba desligando por alguns segundos e esses segundos podem fazer com que ela sofra algum acidente”, avisa.  

Mente calma

O autor cita também um dos maiores benefícios de dormir com qualidade. “O sono também afeta diretamente a saúde emocional das pessoas. Uma mente calma é uma mente que consegue dirigir tranquilamente. Ou seja, sem estresse que é um componente que aumenta substancialmente o risco de acidentes”, conclui.

Sinistros de trânsito

Sono e trânsito
O sono pode afetar diretamente o trânsito e o ato de dirigir. Foto: EvgeniyShkolenko para Depositphotos

Cerca de 20% dos acidentes de trânsito estão relacionados à sonolência. Essa é ainda uma das principais causas de mortes nas rodovias. O dado é da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET) e alerta para o perigo de dirigir com sono.

De acordo com o estudo “Doenças do sono associadas a acidentes com veículos automotores: revisão das leis e regulamentações para motoristas”, de Silke Anna Theresa Weber e Jair Cortez Montovani, publicado em maio de 2022 na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, várias pesquisas mostram uma associação crescente entre distúrbio ventilatório do sono (DVS), sonolência diurna excessiva e acidentes automobilísticos. “Em vários países há regulamentações específicas feitas por órgãos governamentais para identificar, através de questionários e outros exames, os motoristas que possam vir a ter essas alterações do sono. No Brasil essa discussão está agora se iniciando. E devido a isso, propomos para análise uma série de itens que devem ser integrados à nossa legislação de trânsito”, diz o estudo.

Conforme a publicação, várias sociedades científicas têm mostrado a necessidade de se introduzir, no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), legislação específica para esses casos. Dessa forma, tornando obrigatória a realização, quando do exame para obtenção da licença para dirigir veículos, de:

  • 1) questionários de identificação (rastreamento) dessas doenças;
  • 2) exame médico especializado para candidatos obesos ou que tomam drogas depressivas do sistema nervoso central;
  • 3) em casos de respostas alteradas, ao questionário e havendo suspeita diagnóstica, há obrigatoriedade de testes específicos para diagnóstico;
  • 4) acompanhamento clínico para motoristas reprovados nesses testes e;
  • 5) campanhas de orientação e conscientização populacional através da mídia.

“Nesse momento, é importante frisar que a adoção dessas normas e de outras, baseadas na legislação de outros países, deve ser o mais breve possível, pois sabemos que a prevenção, mais que a repressão, é a saída para diminuir os índices assustadores de violência no tráfego. Esse é um desafio que, sem dúvida, estimula e aguça o médico. Ao saber quão dolorosos eles se apresentam aos indivíduos e à sociedade, tornamo-nos peças fundamentais na discussão e adequação desse verdadeiro flagelo social que são os acidentes de trânsito”, conclui o estudo.

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