Diesel: instabilidade no início de 2024 pressiona transporte rodoviário e pode elevar preços de produtos
O preço médio do diesel no país voltou a subir logo na primeira semana de 2024.
Representando uma parcela considerável nos custos operacionais das empresas, no Brasil, o combustível compreende, em média, 35% das despesas totais do transporte rodoviário de cargas. A Petrobras, no final de 2023, anunciou uma redução no preço do diesel para as distribuidoras em R$ 0,30, o equivalente a 7,9%. No entanto, o preço médio do óleo diesel no país voltou a subir logo na primeira semana de 2024, sendo vendido aos consumidores nos postos por R$ 5,89, em média, dando fim ao feito de oito semanas consecutivas de queda no preço do diesel.
Diante dessa conjuntura, a coordenadora de projetos do Instituto Paulista do Transporte de Cargas – IPTC, Raquel Serini, explica que o aumento no preço do diesel no início do ano pode ser atribuído à reintrodução de um conjunto de impostos federais (PIS/Cofins) sobre o combustível após a redução temporária das alíquotas federais em 2022.
“Embora a Petrobras tenha anunciado cortes nos preços de venda nas refinarias, a restituição do imposto resultou em um acréscimo de R$ 0,03 por litro nos postos, marcando a primeira alta desde novembro. Ainda que parte do aumento da carga tributária tenha sido compensada pelo último corte nas refinarias, a tendência para 2024 dependerá das políticas governamentais em relação aos impostos sobre combustíveis”, avalia.
A coordenadora ressalta ainda que o referido aumento no preço do diesel, tem influência de uma série de fatores. São eles: o preço do petróleo, a taxa de câmbio, carga tributária, custos logísticos, política de preços da Petrobras e ainda pela demanda e oferta.
De acordo com Serini, para lidar com essas frequentes alterações, as empresas costumam tentar ajustar os preços que cobram pelo transporte. Fazer isso, porém, toda vez que o preço do diesel muda pode, segundo ela, causar a perda de clientes, que buscam estabilidade nos custos. Neste cenário ela avalia como as empresas devem lidar com essas mudanças sem aumentar os preços constantemente. “Algumas estratégias incluem investir em tecnologias e práticas para usar o combustível de forma mais eficiente e encontrar rotas mais inteligentes. Usar veículos mais econômicos também é importante para manter os custos sob controle diante das constantes mudanças nos preços do diesel”, considera.
Por fim, a coordenadora de projetos do Instituto Paulista do Transporte de Cargas reforça que um mecanismo viável para haver uma maior estabilidade nos combustíveis nos próximos anos, seria a mudança das alíquotas de impostos que incidem sobre os combustíveis atrelados à alteração da cotação do barril.
“Além disso, criar incentivos efetivos e financeiramente vantajosos para a presença de fontes renováveis, a exemplo da eletrificação, diminuiria a dependência ao diesel, aumentando a oferta e movimentando o mercado, trazendo redução de preços”, pondera e finaliza.