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14 de outubro de 2024

Gurgel: a marca brasileira que competiu com poderosas multinacionais 

João Amaral Gurgel ficou conhecido pela ousadia, criatividade e pela técnica em projetar automóveis não usuais as tendências de sua época


Por Accio Comunicação Publicado 30/04/2024 às 11h30
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Modelo branco do carro Gurgel, em propaganda da empresa, divulgando a novidade do momento.
João Amaral Gurgel, o sonhador, como era conhecido pela imprensa brasileira da época, ficou marcado devido a sua ousadia no setor automobilístico nacional. Foto: Reprodução do documentário “Sonhos Enferrujam – Gurgel e o carro do Brasil”.

Em “Sonhos Enferrujam – Gurgel e o carro do Brasil”, documentário produzido pelos acadêmicos da Escola de Comunicação e Arte (ECA/USP) em 2004, podemos conhecer um pouco mais sobre a história da Gurgel, empresa automobilística nacional e que levou o nome de seu criador e idealizador, João Amaral Gurgel.  

O acadêmico de Engenharia Mecânica, em 1949, Gurgel já desafiava os professores da Escola Politécnica de São Paulo, com suas apresentações de projetos de carros para o país. À época, o jovem estudante recebeu uma represália do mentor, afinal havia “desrespeitado” a proposta do trabalho.  

A primeira barreira aos trabalhos de Gurgel veio ainda nessa época, quando a resposta à sua ideia foi: “Automóvel não se fabrica, se compra. Tecnologia automobilística é algo internacional”.  

Automóvel se fabrica sim e com variedade 

Na década de 1960, Gurgel provou que a nação tinha capacidade para competir com as multinacionais. Com isso, cada lançamento feito no mercado trazia algo de diferente aos condutores: segurança, design, versatilidade, economia, performance e resistência.  
 
Em resumo, Gurgel compreendeu que para competir com as poderosas multinacionais, teria que adotar a estratégia de operar em nichos de mercado, onde as grandes montadoras não tinham tanta presença.  

Gurgel X-12 Tocantins
Veículos robustos e resistentes eram marca da fabricação da Gurgel. Foto: divulgação

Desde a década de 1960, a marca já apresentava modelos diferentes aos condutores. Um bom exemplo disso foi o Gurgel Júnior, fabricado em Paraíso, no estado de São de Paulo. Outro sucesso da Gurgel foi o Carajás, um veículo misto e voltado para o lazer e trabalho. 

Outro modelo de sucesso da Gurgel foi Itaipu, um carro elétrico e que chegava a 60km/h. Isso mesmo! Uma marca nacional de fabricação de automóveis já criava, em 1960, um modelo de carro elétrico. 

Um fato curioso: em 1987, a Gurgel lançou o Cena e esse carro chegou a rodar pelas estradas brasileiras. Entretanto, por questões judiciais, a empresa foi obrigada a mudar de nome por exigência da assessoria do piloto Ayrton Senna.  

Em 1987, a Gurgel também lançou um de seus maiores sucessos. Lançado em 7 de setembro, – agora com motor também produzido pela marca – o BR-800 era a nova estratégia da Gurgel, sendo os primeiros protótipos a andar por Brasília (DF). O diferencial estava na baixa emissão de poluentes

Apoio Nacional  

Gurgel, com microfone na mão, de terno e gravata, está no evento de divulgação do novo lançamento da marca.
Gurgel introduz um novo modelo da empresa no Brasil. Foto: Reprodução do documentário “Sonhos Enferrujam – Gurgel e o carro do Brasil”.

Alguns anos depois, em 1992, a Gurgel lançou o Supermini. Com uma tecnologia revolucionária para a época, o carro era pequeno por fora, grande por dentro e apresentava uma alta performance no trânsito.  

Porém, neste período o setor automobilístico nacional apresentou dificuldades. Para se manter no mercado, João Amaral Gurgel pediu auxílio ao Governo Federal para seu novo projeto, o “Delta”. 

Um ponto de virada para a Gurgel aconteceu com os 5% de IPI aplicados pelo Governo Federal. A medida trouxe maior poder de compra para o consumidor brasileiro. Ou seja, era possível comprar um veículo por um valor que correspondesse ao poder aquisitivo da população.  

Entretanto, essa medida gerou revoltas por parte da concorrência, que entendeu como injusta a oferta dos 5% apenas à empresa nacional.  

Foi quando foi o baque: a negativa do então presidente, Itamar Franco. A notícia trouxe frustração aos funcionários da empresa, afetando gradativamente a produção (que já era baixa na época). Desolado, João Amaral Gurgel via o primeiro projeto nacional automobilístico ruir aos poucos, chegando à falência e a leilão.  
 
Por fim, infelizmente esse cenário favoreceu para acentuar o Mal de Alzheimer de João Amaral Gurgel que, no entendimento de sua esposa, serviu como escudo de proteção ao presenciar o fim de seu grande sonho da juventude.   

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